Arrego.
Não a respiração arfante
debaixo de um peso de elefante,
brincar com a certeza de que o ar vai entrar
de novo.
Não
o tempo que se consegue ficar sem piscar
olhando fixo dentro do ferrolho
que vai abrir retaguarda somente
para a ronda de rotina.
Não, não –
a venda colada na árvore
e a desistência só para não levar o susto
a escolha de ser o covarde
morto.
O lenço encharcado substitui a bandeira
o grito escorre pra dentro
a assinatura espontânea da sentença
auto-imputada;
a mobilidade de um saco de batatas
em atropelo a si mesmo, levando tiros cegos em um porta-malas de
carro
uma puta de estrada a
pedir carona para as almas bandidas
marca a passagem do tempo com pregos enterrados debaixo
das unhas
na carroceria de refugiados
acende um cigarro na câmara de gás
como se um cadáver pudesse enfim se arrepender
e fazer de seu enterro um pedido
de desculpas.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
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